MUDAME dos Espaços à Iluminação
A concepção e o design de interiores à medida da escala humana é fundamental para a concretização saudável e ergonómica das suas atividades diárias.
Os projetos de Remodelação devem seguir critérios específicos no dimensionamento e detalhe da compartimentação, bancadas, áreas de trabalho/estudo ou mobiliário. Questões como a exposição solar ou a ausência de iluminação natural têm repercussões não só na qualidade dos espaços que concebemos, mas também na vida de cada um de nós, pois condicionam a produção de melatonina e de vitamina D no organismo, com influência direta sobre a capacidade para repouso e a sensação de fadiga.
Ambientes deficientemente iluminados, interferem com a produtividade e o bem-estar, criando desconforto e cansaço em espaços interiores, ou geram insegurança e apreensão em espaços exteriores, sejam vias públicas ou praças.
A luz constrói e materializa os espaços.
A unidade de medida de Iluminância (Iluminação) do Sistema Internacional, é o Lux, que por definição representa a produção de um fluxo luminoso perpendicular uniformemente distribuído de 1 lúmen numa superfície de 1 metro quadrado.
Os efeitos da iluminação podem ser avaliados tanto em aspetos quantitativos (nível mínimo de iluminância em lux), quanto qualitativos.
Aspetos que interferem de forma negativa no conforto visual:
Velamento: efeito criado por luz intensa no ambiente, que reduz o contraste de luz e sombra na imagem – gera sensação de insegurança;
Ofuscamento: intensa luz direta, incide sobre os olhos do utilizador;
Deslumbramento: luz que penetra diretamente na pupila formando focos de escuridão como quando se olha para a luz intensa;
Iluminação uniforme prolongada: ambiente constante e homogeneamente iluminado – provocando prejuízos aos mecanismos fisiológicos do ser humano.
Tipos de Iluminação quanto à Fonte
Do ponto de vista da fonte existem dois tipos distintos de iluminação: a iluminação natural e a iluminação artificial.
A iluminação natural é aquela que provém do sol, de forma direta ou indireta, e é composta por todos os comprimentos de onda do espectro da radiação visível.
A iluminação artificial provém de uma fonte de energia que não o sol, e a gama de comprimento de onda do espectro da radiação visível abrangida varia consoante a fonte.
As fontes de iluminação artificial que interessam ao estudo da iluminação nos espaços que habitamos são as lâmpadas.
A lâmpada elétrica foi criada em 1879 por Thomas Edison, um empresário americano (1847 – 1931). Essa invenção permitiu que a luz se tornasse parte integrante dos projetos de Interiores, criando ou mascarando a configuração de novos espaços.
Existem vários tipos de lâmpadas, de acordo com a tecnologia utilizada para transformar energia elétrica em radiação luminosa, variando no comprimento de onda abrangido, no fluxo luminoso emitido e, principalmente, no rendimento elétrico.
Os tipos de lâmpadas utilizadas na iluminação são:
Incandescentes
As lâmpadas incandescentes são as que emitem uma luz mais próxima das características da luz solar. No entanto, o seu fraco rendimento torna a sua utilização inviável na iluminação de espaços amplos. Devem ser utilizadas em iluminação de espaços específicos de trabalho, como candeeiros de mesa, numa bancada de trabalho de precisão.
Fluorescentes
Devido ao seu bom rendimento e à boa restituição de cores, as lâmpadas fluorescentes são as mais adequadas para iluminação geral dos espaços de trabalho fechados, como escritórios, salas de reunião, corredores, sanitários, oficinas e pequenos armazéns.
Vapor de Sódio/ Vapor de Mercúrio
As lâmpadas de vapor de sódio, ou vapor de mercúrio, devido ao seu elevado rendimento, são utilizadas na iluminação de espaços amplos, como grandes armazéns e hangares, e na iluminação exterior. O nível de restituição de cores é baixo.
Iodetos Metálicos
Dado o elevado nível de fluxo luminoso que conseguem produzir, as lâmpadas de iodetos metálicos são utilizadas também na iluminação de espaços amplos e exteriores, mas apenas em situações temporárias, uma vez que o seu rendimento não é tão bom como o das lâmpadas de vapor de sódio ou mercúrio. São utilizadas em projetores de obras, cais de carga e descarga, e em áreas exteriores de movimentação de máquinas.
LED
A sigla LED tem origem no inglês light-emitting diode (díodo emissor de luz) e refere-se a um díodo semicondutor que emite luz visível quando é energizado. A sua utilização conquistou o lugar anteriormente ocupado pelas lâmpadas. Concebido e utilizado em produtos de microeletrónica, hoje pode ser comummente encontrado em painéis de LED, cortinas de LED, cordões de LED, desde postes de iluminação pública ao interior das nossas casas, aliando uma redução significativa do consumo de eletricidade à capacidade de controlar a quantidade/qualidade da luz nos espaços de permanência reduzida ou frequente.
Quanto ao Recetor
Do ponto de vista do recetor, existem quatro tipos de iluminação, que dependem da forma e da direção com que a luz incide sobre o recetor:
Iluminação Direta: o fluxo luminoso incide diretamente sobre o recetor.
Iluminação Indireta: a luz incide sobre o recetor por meio da reflexão noutras superfícies ou corpos.
Iluminação Semidireta: a luz incide sobre o recetor de forma direta e indireta, sendo a percentagem de luz direta superior à percentagem de luz indireta.
Iluminação Semi-indireta: a luz incide sobre o recetor de forma direta e indireta, sendo a percentagem de luz indireta superior à percentagem de luz direta.
A implementação dos diferentes tipos de iluminação é conseguida com a manipulação de alguns fatores, como por exemplo: tipo de armadura, cores de paredes e tetos, disposição das entradas de luz, utilização de materiais refletores ou difusores.
Iluminação adequada
Embora as recomendações sobre níveis de iluminação (iluminâncias) para diferentes países apresentem algumas discrepâncias, pode afirmar-se que, de um modo geral, os valores recomendados para os diferentes ambientes e tarefas a executar oscilam entre 150 lux e 2000 lux. São valores bastante inferiores aos obtidos com luz natural, constituindo assim uma solução de compromisso entre os valores que seriam convenientes e as limitações de cariz económico e técnico.
Existem tabelas de valores de iluminâncias para cada tarefa e por ramo de atividade:
Tabela 1 – Níveis de iluminação por atividade
As normas estabelecem requisitos de iluminação interior de locais de trabalho para diferentes tarefas. Os valores apresentados são funções das exigências visuais de tarefas, da experiência prática e da eficiência energética. A norma apresenta critérios que visam o desempenho visual satisfatório e o bem-estar dos utilizadores finais.
A qualidade e a quantidade de Iluminação revelam-se assim relevantes na hora de tomar decisões. A qualidade está relacionada com o tipo de lâmpada escolhida, assim como a sua distribuição e localização, para que o feixe de luz incida corretamente sobre o que será iluminado. A quantidade diz respeito aos níveis de Iluminação medidos em lux, fundamentais para a realização da tarefa visual com o mínimo de esforço.
A Luz Artificial tem como função:
Proporcionar suporte à luz natural, quando não são atingidos os níveis luminotécnicos adequados para as funções realizadas nos espaços projetados. No limite, vence a obscuridade e ilumina a noite, possibilitando a vida noturna, sem limitações de horário.